quinta-feira, 17 de maio de 2018

Não olvideis a recuperação da espada*

A mente a vibrar - uma corda -, as palavras, tal como as ideias, a ressoar entre si, harmonizando-se, amplificando-se, desunindo-se. Velocidade, tempo real, tudo pulula de toda a parte no único fito, não confessado, de tentar o desprendimento: já não ser, já não fazer parte, aniquilar, aniquilar-se, experimentar ainda uma vez e outra os corpos, a sua resistência, ir à beira do abismo, admirá-lo e, como se a terra estivesse a cessar de existir, lançar-se nele para saber uma e outra vez, quiçá uma derradeira vez, o que será um fim em beleza. Acolhendo-o, cadáver irremissível. Recolhendo-a, baça e ímpia.

* claramente baseado numa ordem de uma capitã de mar e terra.

4 comentários:

  1. O desprendimento como fim em mesmo tem os seus perigos. Mas também tem a sua beleza.
    Obrigada, Impontual.

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  2. A crueldade para consigo mesmo esconde a preocupação do momento.
    Para quê, afinal?
    Olhar a natureza a florir, morrendo sob a claridade impiedosamente quente do sol dito criador, é iniciar o ciclo de uma lenta transformação que se vai mostrando â ciência, devagarinho.
    Nada na natureza se perde: tudo se transforma e se aproveita.
    Essa é a mais bela e dura realidade do sentido da vida.

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