Um homem que está à espera do eléctrico, com uma mala na mão e um jornal debaixo do braço, repara no jovem casal que sai do meio das árvores do jardim. A rapariga é extraordinariamente bonita, tem as roupas amarrotadas, os cabelos ruivos caem-lhe soltos sobre os ombros e as faces estão vermelhas como maçãs. Agarra na manga do casaco do seu jovem companheiro, diz-lhe qualquer coisa e pára. O jovem abana a cabeça em sinal negativo. Pega nas mãos da rapariga e fala-lhe com uma expressão séria. Depois, beija-lhe levemente os lábios, vira-se e afasta-se. É nessa altura que o homem vê ao fundo da rua o eléctrico a aproximar-se. É uma história intemporal, que se reconstitui e se repete sem cessar ao longo de séculos. Nada se altera. Só o jovem casal é que não sabe disso.
Por um instante, ela olha fixamente para o jovem rapaz, depois vira-se, por sua vez, e corre na direcção oposta. Salta para o eléctrico e deixa-se chorar, levemente.
O amor não se reinventa.
ResponderEliminarE ao mesmo tempo é sempre único.