quarta-feira, 22 de março de 2023

Miradouro

Através das pálpebras semicerradas vejo indefinidamente o mar ao longe. A cidade ao fundo está invisível, atolada nas suas excreções. No fim do horizonte, por cima do mar, surgem zonas de sombra. O céu encobre-se. Depois começa a chover nas zonas negras. Passado um bocado, por sobre o mar, formou-se um grande tetrágono de luz branca. O tetrágono de luz pluvial desaparece. Outras tempestades rebentam. Por toda a parte. Por cima da minha cabeça surge uma pequena cortina de chuva ensoalhada. Rompendo a cortina, umas aves de cauda bifurcada. Pode ter chegado a Primavera. Mas, quando chegar a casa, tenho de ver se as margaridas já furaram o relvado. 

2 comentários:

  1. Não fossem o irromper das margaridas, valia a pena continuar neste miradouro.
    Bom domingo e boa semana.

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  2. Não fosse - queria eu dizer, deste meu miradouro.

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