Ontem, foliões. Hoje, como que saídos de dentro de um livro. E nesse livro, já se sabe, o mundo é limpo. É um mundo calmo, lento, apesar de sem regras e sem tréguas. Não há noites comparáveis de tão requebradas, mansas e ternas. Todas as noites ali, possuem, no seu bojo, uma languidez latente, que frequentemente explode. É um reino de silêncio, de mornas cumplicidades. Por vezes um reino de algum alarido, contido, um reino de mudas catástrofes. Ali as pessoas não se preparam para a felicidade, e os dias giram sobre si mesmos na mansidão da ternura, na aproximação que conduz à temperança.
É de crer que ali a beleza tenha o poder de opor resistência à agressão. E não é que me agrade sobremaneira o caminho marcado, áspero, que deixa cicatrizes, lacerações, despojos, restos profundos e fétidos do mundo real. Mas onde está o fio residual dessa beleza, nestas personagens que foram sonegadas à realidade que não dispõem?