O local onde me encontro neste momento está quase deserto. Uma senhora e um cavalheiro, seguramente italianos do norte, estão a desfrutar do magnifico fim de tarde sentados em duas cadeiras de lona já algo amarelecida. Ele parece rondar os oitenta anos e ela segue-o de perto, setenta e cinco ou talvez até mais. A senhora pediu um Belini, ele uma Birra Moretti. Dão a impressão de estar casados há uma vida inteira e sem dúvida que o estão. Tomam as suas bebidas com aquele ar condescendente de quem que já não tem pressa de coisa nenhuma e que estão tranquilos em relação aos fantasmas do passado. Parecem ter toda a certeza de que tudo está bem assim. E está.
Entretanto a voz de Omara Portuondo fez-se ouvir de alguma coluna escondida entre os bem cuidados arbustos que rodeiam o jardim. Alguém pôs um disco a rodar. Lembrei-me do meu pai que, naquela altura da sua vida, de cada vez que ouvia esta musica cantada pelo Milanés dizia que a única mulher com quem um dia voltaria a casar seria com uma que se chamasse Olívia. Eu, dou por mim a pensar o mesmo: um dia se vier a ter outra mãe também terá de ser uma Olívia. Eternamente Olívia.