Não há nada como numa sexta-feira chegar cedo a casa, um decantador, um copo de balão e um terraço voltado para o mundo onde passar algum tempo sentado a ouvir o cair do dia, a agitação da chegada das aves nocturnas contra um céu cinzento, cada vez mais escuro. Uma certa solidão imposta e alguma paz é o que se precisa para reflectir. Impressões dispersas, pedaços de conversa, observações e opiniões meio formadas atravessam-me a mente, e uma sensação de tranquilo bem-estar instala-se, devolve-me a mim próprio e fico com maior consciência do prazer da própria companhia. Reclino-me na cadeira de palhinha que faz baloiço, beberico calmamente o vinho, e percebo que sou um terrível juiz de carácter que, com efeito, se vai enganando um pouco em quase tudo. Mas que, sozinho, debaixo deste cenário romanesco, esforçando-me por aceitar esta nova visão de mim mesmo que me permite entre outras liberdades nunca imaginadas, a de admitir que ainda há uma série de beijos e abraços por dar. E que isso, de entre todos os rigores de uma reflexão profunda, ainda é o que me sossega. Logo mais vou ao jazz.
Sabes, sabes? Ao ler-te fiquei com vontade de pedir-te um abraço. Sou uma descarada, bem sei. :)
ResponderEliminarDesejo-te uma noite quente, I. :)
Deixo-te um beijo. :)
Aças, Isso de pedir um abraço não é coisa pouca. Concedido (o abraço). Quer que a leve a casa?
EliminarQuero, sim! Roubas um avião e vens assim num instantinho buscar-me a Inglaterra?
EliminarFicaria-te muito agradecida! :)
Ah! E obrigada pelo abraço. :)
Hoje não vai poder ser. Vou ao Jazz. :)
EliminarSuponho que podemos deixar para outro dia. Roubar um avião também requer um plano bem definido. Ter tempo é importante para o sucesso da coisa, claro está. :)
EliminarDeixo-te, agora, um abraço, I. :)
Boa noite. :)
Já agora ouvir quem? :)
ResponderEliminarDonny Maccaslin Quartet.
EliminarQuer vir NMQASC?
Aceito o convite para um outro dia :) um outro concerto. Hoje fico por casa ... vou fazer castanhas assadas
EliminarBom concerto e uma melhor degustação do vinho :)
Este sim é um texto que aquece a alma. Olhe, Impontual, não tendo mais nada para dizer, digo que gostei muito de o ler. O texto e o seu autor. E li três vezes não fosse ter-me escapado alguma coisa :)
ResponderEliminarObrigado Maria Madeira.
Eliminaristo lê-se viés, até. Só queria dizer que logo vou, talvez pelo vigésimo ano consecutivo, a um festival de jazz que é possivelmente o melhor que se faz em Portugal.
E eu, que até determinada altura, fui levada a pensar que logo, o (Im)pontual iria entregar os beijos e abraços, mas não, vai ao jazz, que não sendo pouco nem mau, é, muito menos, que os primeiros.
ResponderEliminarBom serão e um abreijo sem nome
...não sendo pouco nem mau é uma inquietação acelerada.
EliminarGostei muito do: "...sentado a ouvir o cair do dia..." é que me apetecia mesmo...
ResponderEliminarBom concerto.
Por acaso até tenho algumas saudades do tempo em que a minha mãe vinha à janela dizer: "meninos venham para dentro que chegou a noite. a noite".
EliminarO jazz é um estado de espírito de terraços voltados para a noite e vinhos a respirar no copo. Eu não vou ao jazz hoje, mas trouxe-o comigo para casa.
ResponderEliminar...noite, essa, que escorre de improviso.
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