sábado, 5 de maio de 2018

Lusque-fusque

O mar ao fundo, mais ao fundo ainda o sol cansado da sofreguidão da terra despede-se em queda livre numa longa faixa de carne viva sangrando lenta e distante no horizonte, o ar rarefeito deixa a noite resvalar, um breve momento de quatro olhos que se entrelaçam num milésimo de segundo infinito, um leve toque de dedos sob a mesa de vime envernizado, palavras que se convertem em sussurros, lábios que se confundem entre si. Por ora o que há a fazer é olhar. É olhar e cheirar, que depois, logo mais, numa insónia demorada, lembraremos o resto das nossas vidas.

(Tirei uma fotografia com a Nikon F70 analógica, mas queimou-se. Peço desculpa.) 

2 comentários:

  1. Eu tenho uma(por acaso são umas 4 ou 5).Fotografias, claro. Tirada com o Samsung J5 mas que até faz um bom trabalho. A tirar fotos.
    Apesar da ausência de ilustração, a escrita permite visualizar na perfeição a paisagem, tanto mais que me fez lembrar de imediato as fotos tiradas há quase 3 anos.

    ResponderEliminar
  2. Devias ter mostrado a fotografia queimada. Ia bem com o tema do post.

    ResponderEliminar