Gosto de passear por aqui e, embora nem sempre ache o caminho certo, reconheço todos os lugares. Há agora um tímido regresso ao movimento. Em todos estes becos e escadarias, uma vez mergulhados subitamente para dentro deles, o nosso olhar cai nos degraus vacilantes, nas plantas à porta, no pássaro da gaiola pendurada na varanda a chilrear mantendo a beleza do seu canto atrás das grades. Ali está o pequeno restaurante vazio, ali está o pequeno café abafado pela penumbra da tarde, a esplanada outrora multilingue, o largo com a capela, distraidamente guardado pelos pombos. Ali estão as mulheres à janela, com as caras meio tapadas por cortinas muito finas, imóveis como garças à beira de um rio. Parecerem viúvas, com os olhos direccionadas para o passado, para noites longínquas e caricias distantes. Também os jovens estão invadidos por uma melancolia, uma perda indistinta, como se um pequeno véu de luto tremulasse nos seus olhares.
É a Invicta a secar suas feridas. A morrinha não ajuda muito.
É a Invicta a secar suas feridas. A morrinha não ajuda muito.
Gosto tanto, quando fotografa palavras.
ResponderEliminarBoa tarde
É o que temos por Portugal fora. E está muito bem descrito.
ResponderEliminarDemorará este "secar das feridas". Tem dias que já não imagino a vida normal e nuns desejo-a e noutros já não, não sei se serei só eu a sentir esta dúvida, ambiguidade.
ResponderEliminar~CC~