segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O fabuloso destino de Amélia

Amélia cruza-se comigo varias vezes ao dia. Não posso deixar de reparar naqueles dois globos terrestres que, a cada passada de Amélia, parecem pautar o ritmo do Universo. Esforço-me por adivinhar qual será a diferença entre o rabo tapado de Amélia, que conheço até agora, e o descoberto, ao qual acrescenta beleza - ou talvez a extrapole - a minha inflamada imaginação.

Aquelas esplêndidas nádegas apresentam-se-me generosas e dóceis, entregam-se à minha contemplação, conscientes de que o facto de olhá-las e desejá-las pode embelezá-las ainda mais. Essas delícias, prometedoras, rutilantes e sumptuosas, se são prazenteiras e excitantes à vista manifestam que o serão muito mais ao tacto.

Bem sei que nem Rimsky-Korsakov ao compor o incitante Scheherezade nem Ravel ao compor o orgásmico Bolero, tocaram e acariciaram carne humana. As polpas dos seus dedos apenas batiam nas teclas do piano, o que já é deleitoso para um amante de musica, mas o que é certo é que Scheherazade e as demais mulheres do harém, e o amoroso e frenético par do Bolero, permaneceram intangíveis.

Não fosse a minha incipiente vocação artística e já seria um deleite desenhar, escrever ou musicar a gloriosa protuberância que se esconde para lá das saias de Amélia.

11 comentários:

  1. Nem a Amélia sabe o quanto a sua passagem, amiúde, pelo Senhor Impontual, lhe foi profícua e inspiradora. Tão diferente da menina da franjinha, a doce Amélie Poulain. Quiçá, o Destino desta Amélia, de predicados físicos estonteantes, seja o de encontrar uma caixinha que a faça partir para lugares nunca antes visitados.
    Vi o filme há mais de vinte anos e ainda hoje recordo muitas cenas. Aquela do pai temente pela saúde da filha, ainda criança, fez-me rir a mim, mas apoquentou de morte a pobre Amélie, coitadita.

    Essa sua referência, Impontual, à gloriosa protuberância que se esconde para lá das saias de Amélia., fez-me lembrar este meu postalito a propósito de um certo «Monte de Vénus» que ficou famoso na blogosfera, mas que a autora já fez sair há muito de circulação.
    De qualquer modo como ainda há um link a funcionar e esta minha publicação tem a sua piada, se quiser ler, atreva-se e veja.

    https://francis-janita.blogspot.com/2019/06/palavras-de-alguem-4.html

    Um abraço e tudo de bom, Mr. Impontual.
    Boa sorte!! :)

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    1. Bom dia, Janita.
      Já conhecia a sua engraçada publicação.
      Obrigado.

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  2. O Sr. Impontual regressou à sua praia. Adoro, adoro!
    Quase lhe perdoo esses laivos de machismo que inevitavelmente deixa pendurados nas entrelinhas.

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    1. Caramba,NUT!
      Consegue ver machismo no acto de um homem apreciar, com outros olhos, as protuberâncias de uma mulher bonita?

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    2. Sr.Impontual o machismo é algo que por vezes perpetuamos sem que nos apercebamos. :)

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    3. NUT,noto-lhe uma certa vontade de dissertar sobre aquilo a que uma certa ala pensadora denomina de "machismo benevolente"? A mim perece-me uma narrativa completamente inútil. :)
      Ou se apenas reprova o facto de o meu olhar se ter perdido naquelas duas harmoniosas dunas sem saber se deleitar-se numa, noutra ou na umbria fenda?

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    4. Não, obrigada. Dispenso ambas as ações. :))
      Mas aprendi aqui hoje uma palavra nova. Umbria. Que maravilha de palavra! :)

      Tenha um bom dia Sr.Impontual

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  3. Qual é afinal o fabuloso destino dela?
    ~CC~

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    1. Lispector explicou isso bem: "o destino de uma mulher é ser mulher".

      (Caramba,CC. Nem parece seu!)

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    2. E a Lispector não acrescentou mais nada?!
      Então Impontual, ando a treinar as "perguntas poderosas" mas já vi que para si não acertei...lembra-se do filme? Fiquei sempre a pensar no título dele...(e na viagem a que aludia, qual era aquele destino?). E apesar da resposta me parecer sua, sabe-me a pouco.
      ~CC~

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    3. Obrigado por testar as "poderosas" comigo. Certamente não terei respostas dessa bitola.
      Lembro-me perfeitamente do filme.
      O destino é sempre o mesmo: por que é que eu sonho? por que é que eu imagino o deslumbramento na pedra? Não param de se interrogar os viventes enquanto vão tentando tapar os seus vazios existenciais.

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