Salto da cama e quando mal acabo de abrir os olhos e de levantar a persiana da janela, noto a azafama assídua e conhecida. Olho para a rua, que à força de tantas manhãs e de tantas vezes abrir a janela acabou por perder o seu brilho original. Mas ali está o pássaro.
A letargia estupida do encerramento nocturno quebra-se momentaneamente com a perspectiva luminosa do milagre. O pássaro representa para mim a porta da poesia, a promessa da liberdade, o elogio do sonho, o escape, enfim, para tudo aquilo que o encerramento na noite me roubou.
Isto repete-se todas as manhãs. Acordo e, como se o acto de abandonar o sono, abrir as janelas, comunicasse com o pássaro por meio de uma antena invisível e o pássaro começa a voar automaticamente.
Durante algum tempo, não consegui parar de pensar que por trás de todo o homem há sempre um pássaro que salta e que voa. E de facto na zoologia social eu e o pássaro somos muito parecidos, temos um vinculo oculto, somos da raça dos que saem de manhã e voltam à noite.
De volta ao aconchego :)
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