sábado, 24 de dezembro de 2022

Outra vez Natal

Um decantador, um copo de balão e um terraço voltado para o mundo onde, ainda antes da azafama natalícia, passar algum tempo sentado a ouvir o cair do dia, a agitação da chegada das aves nocturnas contra um céu cinzento, cada vez mais escuro. Uma certa solidão imposta e alguma paz é o que se precisa para reflectir. Impressões dispersas, pedaços de conversa, observações e opiniões meio formadas atravessam-me a mente, e uma sensação de tranquilo bem-estar instala-se, devolve-me a mim próprio e fico com maior consciência do prazer da própria companhia. Reclino-me na cadeira de palhinha que faz baloiço, beberico calmamente o vinho, e percebo que sou um terrível juiz de carácter que, com efeito, se vai enganando um pouco em quase tudo. Mas que, sozinho, debaixo deste cenário romanesco, esforçando-me por aceitar esta nova visão de mim mesmo que me permite entre outras liberdades nunca imaginadas, a de admitir que ainda há uma série de beijos e abraços por dar. E que isso, de entre todos os rigores das reflexões profundas, ainda é o que me sossega.

5 comentários:

  1. Que bonitiis de honestiis (colocar emoji de cuore, em múltilplo, sendo que o primeiro - o rosto - é de quem redige: neste caso, tu, Man With a Chair, ou, se preferires, qualquer um de nós: é isso mesmo, de quem sente, observa,lê & tudo e tudo :)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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