Eis que num crepúsculo de um fim de tarde de Outono, a campainha toca e ao portão que se abre instantaneamente assoma uma Senhora loura, soberba, elegante. Podia vir de Moscovo, Estocolmo ou mesmo de Berlim. Mas vinha com certeza de Hollywood. O peito desnudado, as ancas amplas, a pele bronzeada, o cabelo louro e os olhos muito azuis. Sapatos de salto alto, um vestido que pertencia a outro mundo. Uma aparição triunfal e uma voz, uma voz incomparável. Em lugar de boa tarde ou boa noite, anunciou dramaticamente: tem de ver a situação do seu Fiodor que não pára de tentar pular a cerca e isso está a amedrontar a minha Mimi. Olhe que se algo acontecer, vou processa-lo e pedir uma indemnização. Veja lá o que se passa com o seu canídeo, vizinho.
Assenti e descansei a Senhora loura, elegante, soberba, assoberbada. As coisas estão como estão.
Assenti e descansei a Senhora loura, elegante, soberba, assoberbada. As coisas estão como estão.