quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sangue novo.

Quando se mostra demasiado terno, demasiado apaixonado, demasiado meigo, demasiado premente, quando pousa docemente as suas mãos como duas conchas sobre os seus seios, quando sente o seu corpo pesar contra o seu, pesado de todo o seu desejo, de todas as suas esperanças, retrai-se. O seu corpo, o seu coração fecham-se. A sua cabeça parte para longe. Não pode suportar aquele abandono, aquele deixar-se ir, aquela exibição sentimental que lhe deixa um sabor amargo na boca. Quer os espinhos que arranham, que queimam, que fazem correr sangue novo.

8 comentários:

  1. Já não o ama.
    Impontual, quando se ama, o sangue que se sente correr é sempre novo.

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    1. Creio que a ilação será mais: não quer deixar-se arrastar para o amor. "aquele abandono, aquele deixar-se ir..." Há pessoas que não estão habituadas a amar. :)

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  2. Há gente cujo lema de vida deve ser: antes arranhada que entediada.

    (sim, ainda podia dar-me para pior)
    :)

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  3. O medo de mergulhar no abismo, gostar, e não querer voltar. Ou o medo de que o abismo se transforme numa clareira sem perigos?

    Beijos, Impontual :)

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    1. O abismo é uma palavra que me deixa em pulgas, Maria Eu.
      Convém evitá-lá. :)

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  4. Quando se prefere os espinhos, convém não andar descalço...

    Um abraço, Impontual

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    1. Misa Smile, mas nuvens anda-se bem descalços.

      Abraço

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