terça-feira, 3 de março de 2020

Na noite em que dormi com Alda Merini

Entrou na calada da noite, nesse espaço de tempo que antecede o sono e em que o mais severo dos cansaços nos toma e, vencidos, a memória omnipresente fustiga-nos a consciência fazendo-nos procurar cálidas miragens de quem poderia estar ali a dormir ao nosso lado. Como se esse alguém batesse à porta para recuperar o lugar de onde tinha sido expulso e implorasse: ama-me agora que não tenho palavras para te fazer enamorar do meu silêncio.
O amor há-de ser isso. Quando o silêncio do outro ameaça no escuro.

9 comentários:

  1. Não conhecia, Impontual
    Tenho estado a googlar
    O Mister Impontual dormiu com Alda Merine
    E eu dormi com alguém asdom
    ...
    Mas tu sim, amaldiçoas
    hora a hora o teu canto
    porque desceste ao limbo,
    onde inalas o absinto
    de uma sobrevivência negada.
    _/\_

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    1. Pois é Maria. Às vezes na cama somos dois, três... e mais.

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  2. Lindo texto.
    O amor pode ser isso, sim, a ameaça do silêncio no escuro. Ou talvez o próprio escuro.

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  3. A noite fez-se para amar.

    ps Ando com muita vontade de arranjar um tempinho para ver o 'McCabe & Mrs. Miller'. O Impontual, por acaso, aceita fazer-me companhia e quem sabe conversar um bocadinho sobre o título que o filme recebeu em português e que eu, por acaso, adoro?

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    1. Agora não vai dar. Estou a viver no meio da pandemia.
      Mas sim, a noite foi feita para amar. Ou para proferir um grito tributado às estrelas.
      Embora às vezes o melhor era ter-se dormido.

      Um abraço.

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    2. Isto da pandemia com o seu distanciamento social é que parece que veio para ficar e estragar muitas noites.
      Até o cinema foi cancelado!

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