De olhos semicerrados, não conseguia ver o seu rosto corado e excitado. Contudo, já se deixara arrastar pelo seu próprio e arrebatado desejo. Esboçou um aceno de cabeça com um orgulhoso sorriso. A mão moveu-se ao longo das suas costas e correu o fecho. O vestido deslizou-lhe pelos ombros e ancas. Um puxão e um torcer de corpo e caiu-lhe aos pés. Como era seu hábito não usava soutien. Mantinha-se de costas e a espinha desenhava qual linha direita traçada por um pincel. Com um só movimento, as mãos colocaram-se na cintura e fizeram deslizar as cuecas pelas nádegas. Ergueu uma perna e quando lhe caíram aos pés, atirou as sandálias e a roupa para o lado -- tudo isto no espaço de um movimento. Virou-se bruscamente e enfrentou a audiência. À semelhança de um raio laser, o meu olhar fixou-se nos seios, deslizou até ao umbigo, às partes privadas, apreendendo todo o corpo. Os seios eram suaves, redondos e firmes, de mamilos orgulhosamente erectos. Os pêlos púbicos seguiam a curva da coxa, convergindo no recôndito sob o estômago, à semelhança dos veios de uma folha que se unem no caule.
Deixei-me levar pelo som queixoso do saxofone de Coleman Hawkins em time on my hands. Aquela peça lenta parecia expressar a pungência da sua vida.